Arena Live | Aline Frazão

1 Dezembro 2014 M18

Aline Frazão nasceu e cresceu em Luanda, Angola. A jovem cantora lançou em Dezembro de 2011 o debut “Clave Bantu”, uma edição independente de 11 temas originais, entre eles duas colaborações com os escritores angolanos

José Eduardo Agualusa e Ondjaki. “Movimento” é o segundo trabalho discográfico de Aline Frazão, lançado em maio de 2013 (Ponto Zurca/Coast to Coast). Neste, além das suas composições, conta com uma parceria inédita com o poeta e letrista angolano Carlos Ferreira “Cassé” e ainda com um poema de Alda Lara musicado por Aline, que também assinou a produção musical do álbum. Na banda que a acompanha estão Marco Pombinho (piano e rhodes), Francesco Valente (baixo e contrabaixo) e Marcos Alves (bateria e percussão). Neste disco participam também os músicos cabo-verdianos Miroca Paris (percussão) e Vaiss Dias (cavaquinho e guitarra).

 

“Este disco foi mesmo um movimento, uma corrente que juntou muitos talentos e amizades. Todo o mundo deu muito do que tem dentro. O trabalho foi intenso e intensivo, interagindo com o relógio, com as emoções, com o cansaço e até com o clima desta primavera cinzenta. Movimento é um álbum que leva muita vida dentro. Uma das marcas deste trabalho é a pouca quantidade de takes em tudo, desde a música às fotos da capa. Foi um movimento quase analógico na forma de ser. Em estúdio, nunca foi objectivo atingir um som perfeito; um equilíbrio, sim. Uma verdade simples, sim. Na composição, tentei não dar demasiadas voltas às músicas e deixar que elas me pedissem o que faltava, no dia seguinte. Compus e arranjei os temas a pensar nos instrumentos mas até aí, depois, houve surpresas. O improviso permite isso. Assim, não foi um álbum muito premeditado e só se fechou mesmo no fim da linha, nas misturas. Confiei muito no talento de todas as pessoas que tinha ao meu lado, no espontâneo, na ideia imprevista e nas próprias canções: elas sustentam tudo. Os músicos fizeram um trabalho muito bom e a comunicação foi se aprimorando ao longodo processo. As músicas respiram e os instrumentos escutam-se. Há uma conversa bonita entre o baixo e o piano, entre a guitarra e a percussão. Sentem-se também as ilhas de Cabo-Verde nestas músicas. A participação do Vaiss e do Miroca Paris vêm dar forma e continuação à minha primeira viagem a Cabo Verde, no ano passado. Sente-se muito a cidade de Luanda, que é quase uma personagem invisível em todas as canções. Muitas delas foram escritas lá. Por isso talvez as músicas tenham essa forte presença do olhar, por vezes isolado e em silêncio, por vezes mais participante e misturado. Por outro lado, sinto que este disco faz parte de algo maior porque cada vez mais me sinto acompanhada. Há muita gente com quem me identifico, gente que me inspira, gente com quem interajo quase invisivelmente. Em Angola, sinto que há uma nova força criativa, transversal a todas as artes, que se vai organizando e ganhando espaço, dizendo o que tem para dizer, deixando as velhas conversas intermináveis e passando para a acção e para a expressão. A resposta está no colectivo. Queremos. Pensamos. Sentimos. Fazemos. Movimento é isso.”, Aline Frazão

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